domingo, 22 de novembro de 2015

Iluminação natural.

      Uma das grandes preocupações durante o projeto era a questão da iluminação natural. Para aproveitarmos da melhor forma o terreno, que é um retângulo relativamente estreito, as paredes laterais da casa estão na divisa do próprio lote. A legislação local aqui do bairro permite construir sem recuo lateral, desde que as paredes sejam cegas, ou seja, sem nenhuma janela.
     
      Nas reuniões com a arquiteta deixamos claro que a casa deveria ser o mais clara possível, de modo que nenhum ambiente da casa precisasse de luz artificial durante o dia., nada de luz acesa de dia. Como a casa só pode ter janelas na frente e nos fundos, tivemos que ser criativos para não ficar com ambientes escuros e mal iluminados.

    No piso térreo o problema era a cozinha que fica no meio da casa e a área de serviço que precisa de bastante luz para não ficar sempre úmida. A solução foi fazer um jardim de inverno na lateral da cozinha, com uma porta de vidro do chão ao teto, o que além de bonito se mostrou muito eficaz na iluminação. Na área de serviço a solução foi recorrer à iluminação zenital, uma grande abertura na laje do teto, onde foi instalado um vidro com 1,70 x 1,20, foi suficiente pra deixar o lugar muito claro. Seguem imagens do que estou falando aqui.


Iluminação zenital sobre a área de serviço.

    No piso de cima, todos os dormitórios e a escada tem janelas ou pra frente ou pros fundos o que está ótimo, e se mostrou mais do que suficiente tanto na questão da iluminação quanto na ventilação. Como os quartos e a escada usaram todo o espaço disponível para janelas, os banheiros ficaram sem possibilidade de janelas pra frente ou pros fundos. E banheiros precisam de boa iluminação e ventilação. Como o jardim de inverno é um recorte no meio da casa, usamos esse vão aberto para colocar as janelas de dois banheiros, pronto, resolvido.


Vão do jardim de inverno com a janela de um dos banheiros.


   Mas ainda faltava um banheiro que estava do outro lado, e não tinha nenhum recorte para colocar janelas, então fizemos uma espécie de torre ou chaminé no teto, onde na parte de cima colocamos um vidro e na lateral colocamos uma veneziana com tela para permitir uma ventilação adequada sem deixar que insetos entrem. O banheiro ficou muito bem iluminado e ventilado, funcionou direitinho. Seguem fotos abaixo.











    Sobre as clarabóias, domus ou aberturas zenitais, tudo sinônimo, uma coisa importante é que sempre que for possível, o vidro ultrapasse pelo menos uns 5cm de cada lado e tenha uma leve inclinação, desse jeito não tem como a água ficar parada ali em cima e você não terá nunca problemas de infiltração. Detalhe, usamos vidro laminado, é mais seguro que o temperado, principalmente por ficar completamente exposto às condições do tempo e a altas variações de temperatura. Principalmente no verão, com dias muito quentes, muito sol e chuvas fortes no fim do dia, o que pode causar forte choque térmico e estilhaçar vidros temperados. Fica a dica.

 Forte abraço.




   


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Aquecimento Solar

    Tentei fazer a casa o mais auto-suficiente possível, reaproveitando a água de chuva, melhorando o conforto térmico com jardins suspensos, ou telhado verde e por último montei placas solares para o aquecimento de água de toda a casa, tudo para usar o mínimo de energia possível. Aqui vou falar um pouco sobre o sistema montado, a instalação e o mais interessante, como tudo funciona com pessoas morando e usando a casa, em dias de sol e dias nublados.  
    
    A primeira coisa foi pesquisar a área de placas necessárias para aquecer a água dos banheiros e da cozinha, muitos fabricantes tem em seus sites uma calculadora para esse propósito. Todas as contas indicavam que precisaria de 6 a 8m2 de placas e um boiler de 400 a 600 litros. Como 8m2 de placas é o máximo que caberia na laje da caixa d'água, optei pelo sistema maior, de 8m2 e 600 litros.

   As placas solares, aqui no hemisfério sul, tem que ficar sempre viradas para o norte e no local com maior incidência solar possível, sem sombras de árvores, prédios ou outros obstáculos. Como a casa não tem nenhum telhado, apenas lajes retas, tivemos que fazer uma estrutura de alumínio para colocar as placas com a inclinação ideal, viradas para o norte e dispostas de forma que o par de placas da frente não fizesse sombra nas de trás. As placas ficaram visíveis pra quem olha a casa de fora, já que estão no ponto mais alto, mas pra mim isso acabou dando ainda mais personalidade à casa.


Estrutura metálica atrás das placas.



  Na parte coberta, onde estão as caixas d'água, foi colocado o boiler de 600 litros. O boiler é um reservatório com isolamento térmico para armazenar a água quente gerada pelas placas, e também tem a função de aquecer a água quando não há sol. É assim que funciona, o boiler está regulado para trabalhar a 45ºC, então se a água das placas não atinge essa temperatura a resistência é acionada até os 600 litros de água chegarem a 45º. Porém, para evitar que a resistência seja acionada várias vezes por dia, num dia frio e sem sol por exemplo, foi instalado um relógio/timer onde você programa a que horas e por quanto tempo a resistência pode ser acionada.
   

  Aqui deixei programado o relógio para permitir que a resistência ligue todo dia as 16:00, e durante uma hora e meia. Dessa forma, num dia que a água não atinja os 45º, a resistência é acionada nesse horário e por no máximo uma hora e meia. Ok, mas como isso funciona na prática, se é que funciona ? Bem, aqui nunca ficamos sem água quente no fim da tarde e início da noite. Mas já aconteceu no inverno, após dois dias de muito frio, e totalmente nublados, de termos apenas uma água morna no período da manhã. Claro que isso seria facilmente resolvido alterando a programação do acionamento do aquecimento elétrico do boiler, mas ai começa a perder sentido todo o sistema solar.
    De qualquer maneira é importante você saber que o sistema bem instalado e bem dimensionado funciona muito bem, mas não pode depender sempre 100% do sol ou você vai acabar ficando sem água quente, então considere que você consegue um aquecimento que é mais ou menos 90% solar e 10% elétrico. Pelo menos aqui na região sudeste.

  Com relação às empresas no mercado que trabalham com aquecimento solar, tive que pesquisar muito, pois existem muitos aventureiros nesse ramo. Usei muito o site reclameaqui e consegui evitar algumas roubadas, recomendo que todos que forem usar esse sistema façam o mesmo. Foram mais de 8 empresas que pesquisei e só uma não tinha nenhuma reclamação de clientes insatisfeitos, fica a dica. No fim fechei com uma empresa excelente, super profissional que entendeu minhas necessidades me atendeu super bem, antes, durante e depois de tudo pronto. 

   Quanto aos custos, o sistema todo saiu por pouco mais de nove mil reais, incluindo absolutamente tudo. Um sistema a gás equivalente sairia por uns seis mil reais e um sistema elétrico sairia por algo em torno de quatro mil reais. Ou seja, o solar é o mais caro, porém pelas contas que fiz para o meu consumo, em relação ao sistema a gás, a partir do vigésimo mês já vale a pena o investimento, e comparado com o sistema puramente elétrico, do vigésimo terceiro mês em diante o sistema solar já se pagou, depois é só economia. Como uma casa é um investimento de longo prazo, pra mim não restou dúvida que o sistema solar era a melhor escolha.

   Como sempre, comentários e sugestões são super bem vindos.




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terça-feira, 10 de novembro de 2015

Piscina com borda infinita

    Já falei um pouco sobre a piscina suspensa num post anterior, mas hoje vou entrar em detalhes sobre a piscina com borda infinita, tentarei resumir o que é mais importante tanto no projeto, execução e maquinário. Adianto pra vocês que não é nenhum bicho de sete cabeças.

    Fazer uma ou mais bordas infinitas na piscina só se justifica, na minha opinião, quando existe um lindo visual, uma bela paisagem no fundo, isso gera um efeito super especial. 





   A borda infinita demanda um segundo tanque para coleta da água que transborda, e aqui já vai a primeira dica do projeto, a parte mais alta desse tanque deve ficar fora da vista de quem fica de pé na borda oposta da piscina. No meu caso, imaginamos uma pessoa com dois metros de altura parada na borda seca e traçamos a diagonal até a borda mais alta do segundo tanque, essa seria a altura máxima do mesmo. Uma piscina mal projetada vai permitir que alguém parado na borda enxergue essa estrutura o que estragaria todo o apelo e visual da borda infinita.

  Ainda com relação ao segundo tanque, ele deve ter capacidade de coletar bastante água sem nunca transbordar, só queremos a piscina transbordando, por isso a conta prática que pode ser feita é a seguinte, pra cada metro linear de borda infinita, calcule 450 litros de capacidade para o segundo tanque. No meu caso, com pouco mais de 9 metros de borda infinita, o segundo tanque tem capacidade para quatro mil e duzentos litros de água, o que se mostrou mais que suficiente.

  Outro ponto importante é a borda em si, onde a água vai transbordar, ela deve ser perfeitamente nivelada, caso contrário a água só vai transbordar no ponto mais baixo e nos demais a borda ficaria aparente e acima da linha d'água, o que estragaria todo o efeito. Aqui bolei uma borda triangular, para aumentar ainda mais o efeito, pois assim fica ainda mais difícil ver a parede sob a água e evita que alguém suba nessa parede, o que seria bem perigoso.


Detalhe do formato triangular da borda.



   Em uma piscina convencional você precisa do skimmer que é o equipamento que coleta a sujeira que fica na superfície, poeira, folhas, insetos, etc. Numa piscina com borda infinita você não precisa desse equipamento, a borda funciona como um enorme skimmer que com a água circulando, faz toda a sujeira superficial cair no segundo tanque. Por esse motivo que a água do segundo tanque deve ser filtrada antes de retornar para o tanque principal

    
Filtro.

     A água que transborda para o tanque menor, deve retornar para o tanque principal e depois de muita pesquisa, decidi fazer um sistema único tanto para filtrar quanto para recircular a água. Ou seja, a mesma bomba que filtra, faz a água do tanque menor voltar para a piscina. Foi escolhida uma bomba de 3/4 de cv, o que resulta numa vazão de 150 litros por minuto, o que é suficiente para uma piscina com 30 mil litros. Mais vazão que isso e a borda infinita se transformaria numa cascata e menos não seria suficiente para manter a borda transbordando quando houvessem pessoas e movimento na piscina. Esse é um equilíbrio delicado e posso dizer com segurança que os cálculos deram certo e esse esquema mais simples funciona muito bem.


Ralos de fundo no tanque secundário.


    Lembre-se de colocar uma saída de água no tanque secundário, drenando o excesso e assim não deixando o mesmo transbordar, aqui usei duas saídas de 50mm, suficiente para o volume total.



Detalhe do tanque secundário e da saída de drenagem.


    A piscina tem dois ralos de fundo no segundo tanque, dois ralos de fundo no tanque principal e dois retornos na parede oposta da borda infinita. Dessa forma, na operação normal, a água é aspirada pelo fundo do segundo tanque, passa pelo filtro e retorna para a piscina lançando a água em direção à borda. Com um jogo de válvulas de gaveta, posso também aspirar somente o fundo do tanque principal, para quando o tanque secundário estiver seco. 


Esquema das válvulas gaveta para entrada na bomba/filtro.


   A borda infinita tem algumas particularidades, em primeiro lugar a grande evaporação de água quando o dia está muito quente e a água está transbordando, é visível como o nível de água no tanque secundário cai. E em segundo lugar, até como conseqüência dessa evaporação, a temperatura da água cai alguns graus com a borda funcionando, principalmente em dias com vento. A borda infinita funciona como um trocador de calor, refrigerando a água. Esse fato deve ser levado em conta se você pensa em aquecer a sua piscina, no meu caso ficou inviável colocar um aquecedor, ele simplesmente não daria conta desse resfriamento causado pela borda, teria que instalar algo para uma piscina com 4 vezes o volume, que além de caríssimo, consumiria uma energia absurda, no final desisti de aquecer a água.




Espero que tenha sido útil, juntei aqui as dicas principais e aspectos importantes a serem levados em conta. Abraços !

  Gostou do blog, você pode ajudar a continuarmos com o bom trabalho, divulgando e deixando comentários e sugestões !




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segunda-feira, 2 de novembro de 2015

Piso de concreto polido residencial

    Se você acompanha o blog, sabe que o estilo da casa é moderno, usa e abusa do concreto aparente, madeira e vidro. Eu particularmente curto demais o concreto aparente, e por isso foi escolhido para ser o piso acabado de todo o térreo. Estou falando de concreto usinado e não cimento queimado, coisas completamente diferentes.



Piso de concreto polido na sala.

    Escolhemos o concreto usinado polido, é basicamente o mesmo piso usado em galpões industriais e postos de gasolina, só que aqui vamos deixar ele mais liso e brilhante. É um piso de altíssima resistência, super fácil de limpar, não dá manutenção e o melhor de tudo, mais barato que um bom porcelanato.

   Existem muitas empresas que fazem o serviço de alisamento e polimento do concreto, quase nenhuma tem experiência em fazer isso em residências, e esse é um ponto que tive uma certa dose de problemas. Uma casa, tem muitos cantos, recortes e é um espaço muito pequeno, tanto é que algumas empresas se recusaram a executar o serviço. Outro ponto é o nível de exigência numa casa e num chão de fábrica, o acabamento na casa tem que ficar perfeito.

   Muito bem, achei a empresa para fazer o serviço, fiz o técnico visitar a obra e ver in loco todos os locais que as máquinas teriam que entrar e trabalhar. O piso é em todo o térreo, na sala, cozinha, copa, área de serviço e quarto de serviço. Tudo visto, ele optou por máquinas pequenas, com 80cm de diâmetro, assim passaria por todas as portas sem problemas. 

Dia da aplicação, usando máquinas pequenas.


   Deixei para realizar essa etapa da obra, logo antes de entrar com a pintura, ou seja, quando toda a parte mais pesada da obra já tinha acabado. Se você fizer muito antes, corre o risco de danificar o piso com itens pesados, e se fizer depois da pintura vai sujar tudo e ter que refazer essa última. O lajão do térreo já estava pronto há alguns meses, como sabia que ia fazer o piso de concreto polido, não fizemos contrapiso, esse acabamento dispensa essa etapa pois parte dele é o nivelamento final.
   
   Só pra que vocês entendam, o processo é o seguinte, é lançado e espalhado o concreto usinado com uma bomba, e o pessoal trabalha nivelando e desempenando esse concreto por horas. No meu caso o concreto chegou as 8:00 da manhã, e o pessoal foi acabar as 21:45. 






   Papo técnico, usamos concreto fck 30, com brita zero e slump 12, bombeável. A espessura variou de 3,0cm a 4,5 cm, e por ser assim bem fino, o concreto recebeu um aditivo de fibras para evitar trincas. Todos recomendaram pelo menos 7 cm de espessura, mas isso ia estragar a saída da escada, que já estava pronta, e levava em conta que teríamos 3cm de espessura de piso. Foi o primeiro degrau da escada que ditou o nível de todo o pavimento. Enfim, fizemos com 3 cm e deu tudo certo.

   No dia seguinte ao lançamento do concreto, o pessoal vem para cortar as juntas de dilatação, que tem a função de eliminar as trincas, separando o pano de concreto em panos menores e que trabalham individualmente, dessa forma dissipando as tensões. Aqui fizemos grandes quadrados de 1,60 m x 1,60 m.



Concreto lançado e espalhado.
Concreto desempenado, dia seguinte ao serviço.

Cortes das juntas de dilatação, no dia seguinte ao lançamento.
   Agora o concreto deve descansar e curar por pelo menos 28 dias, antes de receber o tratamento final. O pessoal usou um produto químico para curar o concreto, assim não houve a necessidade de ficar molhando. A cura adequada do concreto é de suma importância, pois além de garantir a resistência, evita as fissuras o que no meu caso era o mais importante devido à estética.

   Durante os 28 dias seguintes, cobrimos todo o piso com papelão ondulado, para evitar riscos e preservar o máximo possível o concreto. Agora que já está 100% seco, chegou a hora do toque final. A aplicação da resina transparente e brilhante. A primeira coisa que o pessoal fez foi dar uma lixada bem suave em toda a superfície.
    
   Aqui rolou um problemão, a coisa deu errado quando após a passagem da lixa, a empresa que tinha contratado, aplicou direto a resina, ficou horrível, estragou tudo. Então voltamos à etapa anterior e tudo foi lixado novamente. O segredo aqui, e essa dica é muito valiosa, é aplicar primeiro uma mão de seladora transparente para concreto e somente após algumas boas horas ou um dia inteiro, pode ser aplicada a resina. A resina pura sobre o concreto lixado, com todos os poros abertos, altera a cor do concreto, indo do cinza claro para um castanho estranho, com a seladora você mantém a cor original do concreto e pode aplicar a resina sobre ela sem nenhum problema.


Piso acabado.

  Apesar dos imprevistos nessa etapa final, tudo deu certo e o piso ficou lindo. Sobre os valores, no final tudo custou R$ 110,00/m2, o que é um custo excelente. Comparando, caso  fosse usar um revestimento cerâmico, teria que fazer um contrapiso, coisa que não houve necessidade aqui, que custa com material e mão de obra uns 40,00/m2, depois a mão de obra para colocar um porcelanato, mais uns 50,00/m2, o próprio porcelanato, mais uns 60,00/m2 e depois argamassa e rejunte, mais uns 10,00/m2, total R$ 160,00/m2, quase 50% a mais !

 Conclusão, deu um tremendo trabalho, tive problemas no meio do caminho, que sinceramente achei que não teria solução, mas no fim deu tudo certo e a um custo excelente, faria de novo sem dúvida. Espero que tenham gostado e que tenha sido útil.


Se você curtiu o blog, deixe comentários, sugestões e divulgue, obrigado !
   


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sábado, 24 de outubro de 2015

Captação de água de chuva

   Aqui em São Paulo, por incrível que pareça, estamos sob o risco de falta de água, por isso qualquer ação individual que economize esse recurso é muito bem vinda. Quando fizemos o projeto já tinha em mente o armazenamento da água de chuva, para irrigação do jardim e uso na garagem, e queria que o sistema fosse o mais simples e barato possível. Vou explicar aqui a solução encontrada e como executamos isso durante a obra.

   O fato de usar a água de chuva em apenas dois pontos, uma torneira no jardim e outra na garagem, já simplificou muito o sistema. Usar a água de chuva dentro de casa é muito mais complicado e caro, e nunca foi essa a idéia. 
    Em primeiro lugar, calculamos a área total de coleta, no meu caso são 80 m2, o que é uma área excelente para o uso proposto. Isso significa que para cada milímetro de chuva, temos 80 litros de água. Escolhemos armazenar 3000 litros, o que daria para aguar o jardim durante uns 40 dias seguidos, me pareceu suficiente.
  
   A água de chuva para qualquer uso deve ter um mínimo de filtragem, pelo menos tirar as folhas e a sujeira mais grossa. A solução que bolamos aqui e que foi a mais simples e barata, foi fazer caixas de coleta cheias de argila expandida e cobertas por manta geotextil, Bidim. Esse sistema é um excelente filtro para partículas maiores e nos atendeu perfeitamente. Além disso, usamos pequenos flutuadores de cloro, iguais aos de piscina só que bem menores, dentro dos reservatórios. Com isso garantimos que nenhum inseto ou outro organismo se aproveite dessa água e também que a água não apodreça se ficar muito tempo sem uso, é outra solução muito simples e barata.
   
   Aqui tenho dois jardins suspensos, ou telhados verdes, com 30m2 de área, e como expliquei nesse link, com o sistema de drenagem instalado, a água de chuva acaba sendo filtrada e direcionada para o reservatório. Ou seja, regamos o jardim e a água é reaproveitada.

  Como o reservatório fica no subsolo, precisava de um mecanismo para bombear a água para as torneiras. A solução foi uma bomba com pressostato, ou seja, ela só liga quando a pressão na tubulação cai, e isso acontece quando abrimos uma torneira por exemplo. Pesquisando um pouco, encontrei um sistema que já vem pronto com bomba e pressostato, da marca Komeco, modelo TP820, e que custou na época R$ 490,00.
   Importante, a tubulação que vai para a bomba e que coleta a água de chuva do reservatório, deve estar a pelo menos uns 7 cm do fundo, assim ela não suga os sedimentos finos que estão ali, dessa forma sua bomba vai durar muito mais e você vai ter sempre água limpa e cristalina para regar seu jardim ou lavar seu carro.


Pressurizador com pressostato.


Agora com tudo instalado e funcionando, o único cuidado é de 20 em 20 dias verificar a pastilha de cloro do flutuador e uma vez por ano esvaziar o reservatório e limpar o fundo, pois mesmo com toda a filtragem, partículas bem finas ainda passam e vão se acumulando no fundo.





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domingo, 18 de outubro de 2015

Telhado verde

     Quando encomendei o projeto da casa, uma das premissas era o aproveitamento da laje de cobertura, ou seja, não queria uma casa com telhado convencional. Minha idéia original era que essa cobertura fosse toda um grande gramado, como se fosse um segundo jardim. No fim do projeto, com todas as mudanças a área de gramado suspenso representou 30% de toda a laje de cobertura, o que está ótimo. Como é uma solução bastante diferente, vou falar dessa etapa da obra pra vocês.


Jardins suspensos no projeto original.

   O telhado verde, ou simplesmente, jardim suspenso, além de ser muito bacana, proporciona um excelente isolamento térmico e acústico e em alguns locais do Brasil já existe incentivo de IPTU, para os imóveis com essa solução. Como aqui foi tudo previsto na fase de projeto, ficou mais fácil, pois a laje já foi dimensionada para suportar o peso extra, além de todo o sistema de drenagem. Estes são os dois fatores que as vezes impedem a adaptação de uma laje já existente de se transformar num jardim, se este é o seu caso, fale com um engenheiro sobre o assunto.

     Fora a questão do peso, a drenagem é um ponto muito importante para o sucesso de um jardim ou gramado suspenso. No meu projeto, usamos para cada jardim dois tubos de 150mm para escoar a água que permeia a terra, e como essa água chega praticamente filtrada ao tubo, já explico porque, essa água vai direto para a caixa d'água de água de chuva, assunto que vou tratar em detalhes logo mais. Em ambos os jardins, ainda coloquei um ralo de superfície, ligado diretamente no tubo de descida, no caso de uma chuva de altíssima intensidade e rapidez, onde o volume de água/minuto seja maior que a velocidade de absorção da terra, assim o jardim nunca vai alagar.

      O esquema básico de drenagem é o da imagem abaixo. No meu caso usei 15cm de argila expandida, sobre ela, uma manta geotextil, o famoso Bidin, e sobre ele uma camada de 12 a 15cm de terra preta e marrom misturada. Dica, prendemos o Bidin nas laterais da laje usando fita para calhas, aquela prateada, assim o substrato, ou terra, não tem por onde escapar.



      Observe no esquema acima, a água que permeia a terra passa pela manta bidin que retém boa parte das partículas sólidas, retendo a terra, a argila expandida ainda retém as partículas menores e a água chega até a laje com uma filtragem grosseira, mas suficiente para ser usada para regar um jardim ou lavar uma calçada. Por isso aqui aproveitamos essa água, como disse um pouco antes.
     
   Sobre a laje, antes da impermeabilização, fizemos um contrapiso com muita inclinação em direção ao tubo de 150mm. Sobre o tubo, instalamos uma tela fina, a fim da argila expandida não cair lá dentro. Impermeabilizamos tudo com poliuretano, pintamos com tinta anti raiz e após a secagem colocamos a argila expandida.


Laje do jardim com tubos de drenagem e contrapiso pronto.



Argila expandida a ser espalhada por igual.

 Após colocar a camada de argila expandida de uns 15cm de altura, instalamos a manta geotextil, ou Bidin, sobre ela. Repare na fixação lateral que eu tinha falado antes. O tubo que sobe é o que vai para o ralo superficial.


Manta bidin recebendo a camada de terra.

Agora espalhamos uma camada de uns 15cm de terra sobre a manta, essa terra não deve ser muito compactada, apenas caminhar sobre ela é o suficiente para chegar no ponto certo. Agora o jardim está pronto para receber a grama e plantas com raízes rasas.


Grama recém plantada.

    Antes de decidir como executar meu gramado no teto, pesquisei várias opções. Existem empresas que executam esse tipo de serviço e que usam um substrato especial, auto drenante e muito leve, porém o valor do metro quadrado instalado é muito caro, na época, início de 2015, o valor era algo em torno de R$ 70,00/m2. Pra vocês terem uma idéia de valores, aqui o custo do metro quadrado do jardim pronto, incluindo a grama, bidin, argila expandida, terra e mão de obra foi de R$ 38,00/m2.   

   Já se passaram alguns meses, a grama está cada dia mais verde e mesmo com chuvas torrenciais a drenagem desempenhou seu papel muito bem, por isso posso dizer com segurança que essa forma de executar um telhado verde funciona. Se tiverem dúvidas não deixem de mandar suas perguntas. Forte abraço.


  













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domingo, 11 de outubro de 2015

Piscina Suspensa.

    Quando a arquiteta fez o projeto, sugeriu a piscina na parte mais alta da casa, claro que na hora fiquei muito receoso com a complexidade do projeto estrutural, porém com o tempo fui achando a idéia muito interessante e com uma série de vantagens. Uma piscina no teto pega sol o dia inteiro, quase não cai sujeira, tem um visual fantástico e ainda por cima funciona como um isolante térmico para o teto da casa. Além disso, o desafio de engenharia seria no mínimo interessante, por isso abraçamos a idéia e fomos em frente.

    Vou contar um pouco sobre essa parte da obra que é muito interessante e tem pouquíssimas referências úteis na internet. 

    Vamos começar falando um pouco de como é o projeto da piscina. Vai ser uma piscina com 9,50m de comprimento por 3 metros de largura, e profundidade de água de 1,20m. Com um banco em todo comprimento e uma "prainha" com 40cm de profundidade. Vai ter uma borda infinita e um segundo tanque para coleta da água que cai. Abaixo vocês entendem melhor na imagem.





  A piscina, que cheia tem 30 mil litros, ditou todo o projeto estrutural da casa, foi tudo reforçado por causa dela, fundações,vigas e colunas. Só pra vocês entenderem, a piscina fica acima de dois dormitórios, como dá pra ver na perspectiva acima.


  Bem a estrutura foi toda de concreto armado, com vigas de até 2 metros de altura e aço de 20mm, fazendo parte integral da estrutura da casa. 




     Aqui vem a primeira dica, usamos um aditivo especial no concreto, que é um cristalizante que deixa o concreto impermeável. Esse aditivo era misturado nos caminhões que chegavam na obra e usamos em toda essa laje, eram usados 3kg de aditivo para cada metro cúbico de concreto. O funcionamento dele é simples, após estar incorporado ao concreto ele reage com água e cria cristais que selam as trincas ao nível microscópico, tornando o concreto totalmente impermeável. Seria como se o concreto cicatrizasse seus microporos ou microfissuras em contato com a água. Não é um produto barato mas pela experiência funcionou muito bem e recomendo para esse tipo de uso.

      Além do aditivo, a cura desse concreto foi feita 100% sob lâmina de água, por mais de 28 dias, o que além de aumentar a resistência do concreto, torna ele praticamente impermeável já que reduz muito a porosidade e trincas superficiais. Já li sobre lajes sem impermeabilizantes cujo único tratamento foi a cura prolongada com lâmina de água.
Seguem algumas fotos





Cura do concreto com lâmina de água.




     Toda a tubulação dos ralos, retorno, aspiração e iluminação foi deixada passada através da laje ou da grande viga lateral. Para ralos e retornos deixamos tubo de 50mm marrom passando e para iluminação deixamos tubos de 3/4" marrom, pode deixar com bastante sobra para os dois lados, não queremos nenhum tipo de emenda aqui. Os equipamentos de piscina se encaixam por dentro desses tubos. Temos dois ralos de fundo no tanque do transbordo, dois ralos de fundo no tanque principal, dois retornos na lateral e no centro um ponto de aspiração, todos esses com tubos de 50mm. Na lateral deixei 4 tubos de 3/4" para a iluminação, e isso foi tudo.    
    Como a piscina terá borda infinita, não há necessidade do skimmer, pois a borda infinita desempenha a mesma função, de retirar toda a sujeira superficial quando o filtro está ativado. A idéia é usar um sistema único de filtro e bomba, que vai puxar a água do tanque secundário, pelos ralos de fundo, filtrar e retornar para o tanque principal, lançando a água na direção da borda e assim circulando indefinidamente.
     Sobre o equipamento de bomba e filtro falei com muitas empresas de piscina, a maioria recomendou sistemas independentes para a borda infinita e piscina, com duas bombas. Conto pra vocês o seguinte, não há necessidade alguma de se fazer assim. Usamos um sistema único com bomba de 3/4 de cavalo que tem um desempenho excelente e foi super econômico, fica a dica.

    Voltando à estrutura, após a cura total do concreto, retiramos todo o escoramento da laje e da casa, pois essa era a última estrutura que necessitava de apoio e isso ia até o térreo, lembra do que falamos sobre escoramento de laje ? Próximo passo foi o teste de carga, que é encher a piscina de água pra testar se a estrutura vai aguentar, sem impermeabilizar nada. Parte tensa, essa, mesmo seguindo o projeto à risca. Enchemos de água, com caminhões pipa, e monitoramos a estrutura toda por 7 dias. Tudo certo com a estrutura, ufa ! Mas a maior surpresa sabe qual foi ? Nenhuma mancha de umidade no teto de baixo, e não tínhamos feito nenhuma impermeabilização ainda !! Trinta mil litros de água sobre o concreto puro e nenhuma mancha, eu não esperava esse desempenho. Por isso posso dizer que o aditivo e a cura úmida funcionam mesmo.


Teste de carga.

     Mas eu não ia deixar a piscina sem mais nenhuma garantia de impermeabilização, mesmo estando super feliz com o resultado. Mais uma vez, pesquisei muito e ao invés da tradicional manta asfáltica escolhi a impermeabilização de poliuretano, já explico o porque.

    A manta asfáltica funcionaria porém tem alguns problemas, primeiro é a durabilidade, uns 10 a 15 anos, enquanto o poliuretano tem na média 30 a 40 anos. Segundo, nas paredes a aderência da manta no concreto liso gerou insegurança, pois com o peso do revestimento poderia se soltar por completo, vi vários casos desse tipo, e após alguns poucos anos. Claro que se muito bem executada isso não aconteceria, porém só de existir essa possibilidade eu já descartei. E terceiro e último, acabaria saindo mais caro, somando a etapa extra de regularização de toda a superfície.

   A impermeabilização por poliuretano (PU) é uma solução mais moderna e muito usada na Europa e Estados Unidos, é muito fácil de aplicar e cria uma capa super flexível e forte de plástico emborrachado. Sobre a estrutura de concreto armado foi feito um reboco normal com areia e cimento, sobre o qual, depois de completamente seco, foi aplicado o PU em toda a superfície, com aspersão de areia de quartzo para criar uma superfície bem áspera e assim pronta para receber direto o revestimento. 
  Essa solução comparada com a manta asfáltica é mais rápida e simples, e apesar de ser mais cara, ela evita uma etapa a mais de trabalho que é toda a regularização acima da manta, por isso acho que vale a pena. Depois de tudo pronto, tivemos que encher de novo a piscina para dessa vez testar a estanqueidade. Deixamos 10 dias completamente cheia e tudo correu super bem. 


Piscina com impermeabilizaste PU, durante teste de estanqueidade.



   Chegou a hora do revestimento. O escolhido foi uma pastilha 5x5 da jatobá, cor Azul Capri. Contratei um pessoal que só aplica pastilha em piscinas, quem quiser depois o contato é só pedir. Pra vocês terem uma idéia, vieram 4 colocadores profissionais, uniformizados, e fizeram a piscina inteira em 5 dias de trabalho. Usei uma argamassa especial para piscinas recomendada pela própria Jatobá. Uma dica importante é que o aplicador deve fazer sempre pedaços pequenos, pois se ele espalha muita argamassa numa área grande, quando ele chega no final a argamassa está muito seca, o que vai causar desprendimento num futuro próximo. Fique de olho.


Revestimento de pastilha Jatobá Azul Capri.
   Bom, aqui a piscina está praticamente pronta, na seqüência instalamos os equipamentos, ralos, bocais, bomba, filtro e luzes. Ai foi só encher de água de novo. Importante lembrar, que devemos esperar uns 7 dias após a colocação do revestimento para colocar a água. Se alguém tiver alguma dúvida que não foi esclarecida aqui, por favor mandem suas perguntas.



Sugestões e comentários são bem vindos e se você gostou, ajude o blog divulgando, obrigado !






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quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Laje - Parte dois

    Como tinha dito no post anterior, pra não ficar uma coisa longa e chata, separei o assunto laje em duas partes. Nessa vou falar um pouco sobre a preparação final, ferragem, lançamento do concreto e cuidados posteriores, vou tentar simplificar bastante sem deixar de falar do que é mais importante e sempre dar algumas dicas que não estão nos livros.
   
    Muito bem, já estamos com a laje devidamente posicionada e firmemente escorada, vamos agora colocar toda a ferragem de reforço. Todo o dimensionamento da ferragem é feito pelo seu engenheiro estrutural, aqui vou falar do meu caso específico, cada projeto é único, lembre-se sempre disso. 
    A armação ou ferragem da laje é basicamente composta pelos negativos, positivos e ferragem de distribuição. A ferragem de distribuição é a que faz a laje trabalhar como uma coisa só e evita fissuras na capa de concreto. No meu caso, usei tela da Gerdau com aço de 5mm e espaços de 10x10cm, Q196 é a referência. A ferragem negativa foi de 8mm e 10mm e a positiva só tive na nervurada, que é um caso a parte, nem vou entrar em detalhes.Vai uma imagem pra ilustrar.


O Eletricista da obra vai passando os conduítes pelo piso da laje, nunca atravessando nenhuma viga, coisa que é bem comum mas temerária. A Tigre e a Amanco, tem um conduíte reforçado, esse laranja da foto, que é excelente pra passar em laje, não amassa de jeito nenhum, vale muito a pena.

    O encanador vai apenas marcando os locais onde teremos as tubulações de esgoto e água e amarra um pedaço de isopor ou coloca uma madeira, para não encher de concreto, como você vê acima também. Evite ao máximo atravessar vigas, se for inevitável, seu engenheiro estrutural vai ter que calcular um reforço, sempre que possível desça as tubulações na vertical na laje.

    Tudo pronto, é hora de lançar o concreto. Conforme mandava o projeto, usamos concreto bombeado, fck 30 com brita zero e slump 12, explicação mega rápida, fck é a resistência a compressão, nesse caso 300kg/cm2, slump é a fluidez do concreto, basicamente quanto maior o slump mais "líquido" é o concreto. Antes de lançar, a turma molha a laje toda, as formas de madeira e faz uma última limpeza, assim você evita uma secagem muito rápida e cheia de trincas.



   Sempre usamos um vibrador de concreto, assim evitamos falhas nos locais com mais ferro e garantimos uma concretagem uniforme. Cuidado para não vibrar demais o concreto, ou ele desagrega e estraga tudo, geralmente alguns segundos são suficientes para fazer o concreto preencher todos os espaços.

   Laje concretada, vem uma parte muito importante e que é muitas vezes negligenciada em pequenas obras, a cura do concreto. Um concreto de fck 30, atinge essa marca após 28 dias de cura, apesar do concreto seguir o processo de cura por mais de 300 dias, mas para chegar ou ultrapassar essa marca a cura deve ser de maneira que a perda de água durante o processo de endurecimento seja mínima. Molhar o concreto 3 vezes ao dia por pelo menos 7 dias é o mínimo para uma cura boa. Se você puder, o melhor é manter uma lâmina de água de uns 3 a 5 cm durante 28 dias, seu concreto vai ficar super resistente, pouco poroso e sem nenhuma trinca de retração. Aqui, conseguimos fazer a cura com lâmina de água e ficou excelente. 







   Agora é aguardar os 28 dias e tirar o escoramento com a laje 100% curada, lembrando que se ainda tiver mais lajes, como é meu caso, pelo menos metade do escoramento fica no lugar, pois vai servir de apoio pra laje de cima. Daqui pra frente o processo construtivo se repete, vamos subir as paredes e colunas do andar de cima, e fazer nova laje. Detalhe que no andar de cima tem a piscina da casa !! Isso mesmo, a piscina é no teto, tudo de concreto armado. Espero que tenham curtido.

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quinta-feira, 1 de outubro de 2015

Laje - primeira parte

    É pessoal, agora estamos com as paredes e colunas do térreo erguidas e concretadas. Chegou a hora de começarmos a etapa da laje do primeiro andar. Pra vocês terem uma idéia de tempo, passaram 3 meses desde o início da obra até esse momento, o que acho um prazo razoável, mas nada muito rápido. Com relação ao orçamento, até agora gastei em torno de 18% do custo estimado, tudo sob controle até o momento. Como nessa etapa fui muito feliz na escolha dos fornecedores, vou indicar pra quem possa se interessar.
   
   Antes da laje propriamente dita, temos que fazer uma coisa muito importante, preparar o escoramento, que é onde a laje e as vigas irão se apoiar durante o lançamento do concreto e nos dias seguintes durante sua cura. Usamos escoramento metálico pra tudo. Fui muito bem atendido pelo pessoal da Tupi Andaimes, enviei pra eles o meu projeto e eles montaram um projeto completo de escoramento, levando em conta o tipo de laje, carga e altura. O escoramento metálico pode ser um pouco mais caro que o convencional de madeira, mas ele vale muito a pena, pois sua obra fica limpa, é muito mais rápido e se você colocar na ponta do lápis, com a agilidade e segurança que ele te dá, eu acho que empata no custo.





   Nesse meu projeto tenho dois tipos de lajes bem diferentes, uma parte será uma laje nervurada com 50cm de espessura e no restante do pavimento teremos uma laje pré moldada de 12cm de espessura. Porque essa frescura ? Bem, porque a arquiteta inventou um vão livre na sala com 10 metros de comprimento por 6 metros de largura, ai a solução foi uma laje nervurada, bem parruda. No desenho abaixo vocês entendem o que estou falando.




    Explicando rapidamente a imagem acima, o que está em amarelo é a laje nervurada, os desenhos em azul claro são os perfis da laje e vigas, o que é cinza e preto são as colunas e por fim os escritos internos mostram o sentido de apoio, o número e o tipo da laje, além de algumas cotas. Parece complicado, mas é bem simples de entender. Por isso, ressalto a importância do engenheiro estrutural, isso ai é trabalho dele.
       
      Voltando à execução, na laje pré moldada e já sabendo qual é a especificação que o engenheiro pediu, H8, H12 (altura 8cm, 12cm), etc, faça alguns orçamentos com empresas conhecidas, depois você pede para um técnico ou engenheiro da empresa vir medir na obra os vãos, não adianta se basear só na planta, sempre existem pequenas diferenças, por isso o cara tem que medir na obra, ok ? Essas lajes eu fechei com o pessoal da Lajes Itaim, aqui de São Paulo, foram nota dez e com preços excelentes, recomendo. 
      Preferi o preenchimento com isopor ao de lajota cerâmica, nessa laje H12 ele funcionou muito bem, mais leve, mais rápido e melhor isolante térmico. Dica importante, as vigotas da laje devem se apoiar pelo menos 7,5cm sobre as vigas, eu particularmente prefiro um pouco mais, em torno de 10 a 12 cm.

       
Laje H12 com isopor


     A laje nervurada é usada para vencer grandes vãos, as nervuras funcionam como vigas e o miolo onde não há forças, é oco, assim seu peso próprio é bem reduzido. As cubetas tinham 42,5cm de altura e no meu caso eram retangulares, porém as mais comuns são as quadradas mesmo. Aqui fechei com o pessoal da Atex, passei pra eles o projeto e eles locaram as cubetas, que são as formas para concretagem. Muito rápido e fácil de montar, sem segredo. 




   Agora está tudo no lugar, escoramento, vigas e lajes, pra não ficar muito longo e maçante, vou falar sobre a ferragem, preparação de elétrica e hidráulica e o lançamento do concreto no próximo post. Espero que tenham gostado. Até.
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